sexta-feira, 22 de maio de 2009

Green is the new Black

O que um oleiro de Quito tem em comum com um industrial de Beijing? Pense um pouco... não é tão difícil...
O oleiro de Quito está vendendo na internet os seus produtos a alguns anos, e tem conseguido um grande sucesso com o público do seu país e com estrangeiros que eventualmente o visitam e passam por sua famosa cidade.
O industrial de Beijing trabalha com construção civil a anos. Começou como um ajudante de pedreiro, vendeu um carro para comprar o seu primeiro celular e hoje recebe suas encomendas pelo seu portal on-line multiplataforma que foi programado em linguagem open-source e roda em Linux.
O oleiro, com vistas de expandir os negócios, usou os contatos com os estrangeiros no facebook, Orkut e MySpace e começou a prospectar mercados em vários continentes, e lojas que seriam possíveis revendedoras dos seus produtos. Também entrou em contato com universidades locais para conseguir estagiários que tragam novas tecnologias de gestão da informação para dentro do seu negócio, agora que ele tem vários contatos, precisa montar um banco de dados em uma plataforma que o permita fechar negócios em tempo real e manter contato com seus parceiros espalhados por diferentes fusos horários.
O industrial, fascinado pela indústria e buscando novas formas de competitividade, tem trazido intercâmbistas de outros países, como a Europa e o Brasil, para inovar dentro de suas linhas produtivas e criar novas formas de produzir. Ele conseguiu o contato com estes jovens através de plataformas de universidades on-line, bem como de diversos blogs de jovens inovadores disponíveis ao público.
Pense mais um pouco, enquanto eu termino a história. O que eles tem em comum?
O oleiro, empolgado com a possibilidade de atuar em mercados muito diferentes, se vê, de repente, frente a vários problemas distintos para os quais nunca tinha dado atenção antes:
  • Será que a escala da sua pequena olaria seria suficiente?
  • Será que a cadeia produtiva dele é considerada "adequada" (leia-se sustentável) pelo mercado francês, que está pedindo a lista dos seus fornecedores e quer avaliar o impacto ambiental que eles implicam localmente?
  • Será que ele, consegue satisfazer tantos pedidos diferentes com tantas especificidades diferentes?
O industrial, para sua surpresa, é contactado por e-mail por um oleiro do Peru para avaliação de produção de pratos com temas culturais peruanos a partir da sua indústria cerâmica. O Peruano está prospectando por parceiros que possam atuar nos mercados europeus e Latino-americanos. Curiosamente, os 5 intercâmbistas atuais que estão na empresa são destas "localidades".
Se você pensou que ele tem o nicho de mercado em comum, errou. Se você pensa que eles estão no mesmo ramo, também está longe. E, se você pensa que eles estão todos interconectados, ainda está frio.
Estes dois vivem em uma terra plana.
O mundo, como a humanidade o conheceu a 10 anos atrás, acabou. Com o advento do computador pessoal, da internet, do cabeamento ótico de todos os continentes e da elaboração de plataformas de trabalho que podem se intercomunicar, os indivíduos ganharam um enorme poder em comparação a qualquer momento jamais vivido na história da humanidade: podemos criar, editar, compartilhar e contribuir com a nossa opinião para qualquer discussão, blog, lista de e-mails, youtube, wikipedia e imprensa livre em qualquer lugar do mundo de graça e agora.
A Terra, grande, redonda, intransponível, agora é plana e minúscula. E, nessa plataforma digital globalizante, os indivíduos tem o poder de contactar empresários do outro lado do mundo para produzir seus produtos mapeando a cadeia produtiva em busca de sustentabilidade.
Detectar issues, esqueça! Entre no blog dos rappers da favela mais próxima da sua casa e verá que estas estão sendo tratadas pelos que mais se interessam, os próprios atingidos. Fale com eles, e verá que simplismente eles estão abertos a contactá-lo a qualquer hora para ver um show, tem os seus CD's gravados com CD's importados da China e ainda vendem por R$10,00 cada.
Para pensar nesse contexto global, posto aqui uma palestra que é simplismente fantástica e que me serviu de inspiração para estes post:

http://www.academicearth.org/lectures/the-world-is-flat

O que precisamos tomar cuidado nesse processo é que nos tornamos uma civilização que devora energia em um ritmo absolutamente alucinante. Para o oleiro mandar sua arte para a China e encomendar 5000 pratos exclusivos, gastamos centenas de milhares de Watts. Não para mandar a informação em si, que viaja na velocidade da luz através dos diferentes cabos de fibra ótica e centrais de processamento de dados. Mas a energia necessária para manter estas centrais funcionando é simplismente colossal. Quando colocamos na balança tudo o que temos e tudo o que gastamos para estarmos aqui, hoje, neste momento, lendo este post, chega-se a uma única conlusão: Green is the new Black.
Se não mudarmos a nossa tecnologia, comprarmos a briga socio-política necessária, apoiarmos os líderes corretos e mais bem preparados para os desafios energéticos deste novo mundo, pagaremos a nossa displicência com a vida dos nossos filhos.

2 comentários:

Elisa disse...

ótima reflexão, bem amarrada com nossos estudos!
;)
very good flypper!

Líder disse...

Iraaaaado! Gosto mto desse blog =D
Parabéns Projects Team!